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A primeira vez de uma Acompanhante de Luxo



«Quem olhar de longe talvez afirme que a minha vida, o que sou e principalmente o que faço, é completamente o oposto da jovem e doce Margarida, que tive a alegria de conhecer num congresso internacional sobre o desejo, onde ambas éramos oradoras em datas diferentes. Talvez até se ouçam gargalhadas de escárnio e maldade de alguém que dirá: «Quem foi que convidou uma prostituta para escrever o prefácio do livro de uma virgem? Deve ser estratégia publicitária!»»
Mas quem olhar de perto, minuciosamente-se é que alguém ousa olhar algo de perto, se não for para apontar o dedo-, talvez descubra que não há assim tantas diferenças e fronteiras. Temos rumos diferentes na vida, mas a essência acaba por ser a mesma: LIBERDADE.

E quando falo em liberdade, nem afirmo que nós, ou parte de nós que parecemos ter mais liberdade que outros, somos totalmente livres, dado que, mesmo quando livres, não deixamos de ter as nossas prisões, ou de sermos também, cada um, pássaros livres dentro das suas gaiolas. A diferença está aí: em mesmo optando por sermos pássaros livres em gaiolas, cada um na sua gaiola, podermos escolher qual será a nossa gaiola. Falo de escolhas, de opções, da liberdade de poder escolher o que queremos naquele momento, de poder escolhê-las, de ser a nossa liberdade escolhê-las. E para escolher algo é necessário não haver, apenas, uma única opção.

Hoje sou uma ESCORT GIRL, uma amante profissional, e isso quer dizer que sim, faço sexo com vários homens, mas não quer dizer que não tenho liberdade de escolha, faço sexo sim, mas porque é a minha escolha, e tenho pois claro a opção de não querer, de rejeitar quem quiser rejeitar, de não fazer sexo  com quem não quiser fazer sexo. E esta é, obviamente, uma das maiores barreiras que enfrento hoje, porque, sendo recompensada pelo meu tempo de companhia, mas havendo sexo sim, se for de consentimento de ambas as pessoas adultas, e sendo o sexo sim, não um serviço, mas algo que faz parte da vida privada das pessoas adultas que resolvem fazê-lo, há quem possa não entender essa liberdade, entender que o sexo é feito a dois, e não apenas por um só, logo é indispensável este desejo e consentimento também da parte alheia, não havendo seria violação, talvez consentida, mas violação. 

E haverá quem não compreenda porque, muito simplesmente , nem sempre há esta compreensão da liberdade alheia, a liberdade de escolha alheia. «Vou pagar por sexo e não tenho garantias de que farei sexo?», alguém dirá, achando absurdo tal facto. Todavia , quando um homem paga para ter sexo, e recebe o sexo,  na verdade não foi o sexo que ele recebeu, mas uma masturbação.

Quando um homem paga sexo , ele não recebe sexo, simplesmente lhe é permitido masturbar-se com o corpo alheio, masturbar-se talvez numa espécie de «simulação de sexo», porque sexo real não é isto, não é algo que se paga ou algo que se impõe ao outro enquanto serviço  ou enquanto obrigação, sexo é entrega de ambas as partes, sexo é desejo de ambas as partes. Será muito difícil, portanto, compreender-se que pode haver situações  em que eu não queira fazer sexo,  ou o facto de, enquanto amante profissional, só fazer sexo  quando é da minha vontade e desejo.  Mas, de igual modo, também será muito difícil compreender que sim,  eu possa querer fazer sexo com vários homens, simplesmente porque não é admissível, à mulher- o  que não quer dizer que os homens também não enfrentam estigmas, outros tipos de estigmas, mas também enfrentam, a vida toda- a sua liberdade de escolha. Se não tenho uma vida monogâmica, marido, filhos, cachorro, papagaio e porta-retratos lembrando comercial de margarina, se de repente descubro que sim, posso ter prazer com vários homens, isto não é admissível à mulher, «ela está se desvalorizando», alguém dirá, simplesmente porque a nossa vida sexual pertence ao Mundo, é assim que pensam, a nossa vida sexual lhes pertence e, quando fugimos do padrão, tudo é escândalo, tudo é imoral, tudo é digno de espanto, julgamento e repreensão.

E estou dizendo isto porque, da mesma forma que eu posso escolher estar com vários homens, e sentir prazer e inclusive afecto por vários homens, eu poderia também ter escolhido manter-me virgem. Qual o espanto? O ponto que quero chegar é exactamente este, a liberdade, a nossa liberdade de escolha,  o facto de a nossa vida sexual, e os nossos sentimentos perante isto, pertencerem apenas a nós, e não ao Mundo. O que você faz,  uma outra pessoa até pode ver, mas ninguém poderá sentir, exactamente, aquilo que você está sentindo naquele momento.

A Margarida não pretende ditar um padrão, que todas escolham ser virgens como ela, assim como eu não pretendo ditar um padrão, dizer que todas as mulheres devem ser escorts ou ter a mesma liberdade sexual que eu. O que fazemos, cada uma de nós, é apenas viver as nossas vidas. E isto, claro, será sempre uma afronta à sociedade que se habitou a ditar o padrão da vida alheia. Será uma afronta porque, apesar de sabermos o quanto somos diferentes uns dos outros, e da importância da nossa individualidade, nem sempre  há um respeito pelas escolhas ou opções alheias, como se a vida alheia pudesse fazer alguma diferença substancial na sua. É por esta razão, sobretudo, que tanto admirei a Margarida: ela me respeitou, apesar da diferença que há entre as nossas vidas, assim como eu a respeito, porque só uma grande pessoa pode trilhar o seu caminho sem olhar em volta para o que se impõem como regra. O que é mais importante: ter razão ou ser feliz?

Eu me lembro do meu primeiro beijo, lembro que demorou, eu tinha mais de 16 anos e as minhas amigas todas já tinham beijado. Mais que isto: eu tinha mais de 16 anos e já tinha amigas com filhos nos braços, eu tinha mais de 16 anos e, aos 11 ou 12, tive amigas que iam às festas e beijavam, e não beijavam apenas um ou outro rapaz, mas por vezes oito numa única noite, uma espécie de rodízio, e tudo era muito simples, o rapaz se aproximava da garota e perguntava «Quer ficar comigo?» -quando não era ela mesma a tomar a iniciativa-, então se gostava do garoto dizia que sim, ficar com ele era dar uns beijinhos, talvez uns amassos, e depois cada um ia à sua vida, «ficavam» com outras pessoas caso se enjoassem daquele ou daquela, e por vezes até se queixavam daquele que virou pastilha elástica, nunca mais saiu do pé, impedindo que pudessem ficar com outras pessoas naquela noite.  Não era propriamente algo romântico, era um romance-expresso, apenas carne e desejo, mas havia ali liberdade, fora os rapazes-pastilha-elástica cada um ficava com quem quisesse ficar e pronto, no dia seguinte cada um contava com quantos tinham ficado, quem eram, como beijavam, e se isto era o importante e as fazia felizes, o que importa então?


Mas eu não queria o mesmo para mim, e é bem verdade que, por parte de algumas colegas, a minha liberdade de não querer fazer o mesmo, de não querer ir a uma festa e beijar uns oito rapazes para amanhã contar que tinha beijado oito, mas querer algo bonito, especial, afectava-as. Mas eu vivi a minha vida, escolhi o que achava ser o melhor para mim na altura. É verdade que havia anos luz de distância entre (in) experiência que eu tinha e a experiência das minhas colegas, mas o que importa? O que importa, apenas, é que sejamos felizes, e que o método da felicidade  de um tal «fórmula», se é que existe fórmula, não é exactamente a mesma que garantirá a felicidade de outra pessoa.

Então um dia eu conheci um rapaz, conversamos durante horas e eu pensei que ele ia me beijar, mas o beijo só aconteceu dias e dias depois, para desespero das minhas amigas que tinham ficado escondidas, a espreitar, esperando- não mais do que eu! - por aquele beijo. Ficámos horas na conversa, eu naquela timidez de quem não sabe nada, contando com ele para me ensinar algo, contando com a experiência dele, que já tinha beijado outras garotas, mas não aconteceu, para minha desilusão- e só desilude quem permite se iludir- o beijo não aconteceu, horas a horas de conversa para nada. Até que um dia, quando já não esperava, nos encontramos por acaso,  ele me arrastou para um canto e me beijou, e eu consigo sentir, até hoje, o cheiro da colónia que ele usava, a textura da sua pele, o seu rosto bem junto ao meu, o gosto do seu beijo, porque quando aquele beijo aconteceu, e só deve ter durado um minuto, era como se tivesse sido eterno, porque por dias, e por semanas inteiras, era como se eu ainda estivesse envolvida naquele beijo, o meu primeiro beijo. Sinto-o, consigo senti-lo agora, só de lembrar.

O beijo não virou um namoro, conforme eu me tinha iludido, mas rapidamente virei a página- era a alternativa que tinha-, e desde então aproveitava outros beijos, outras bocas e outros sabores. E aí vinha o sexo, a expectativa do sexo, me soltava cada vez mais a cada beijo, a cada novo rapaz que beijava, e de certa forma, em determinada altura, tenho certeza que muitos pensassem que eu já nem era virgem. Mas era. Era e tinha determinado a mim mesma: quando acontecer, quero que seja especial. 

Houve, mais uma vez, quem discordasse da minha decisão  de fazer do sexo algo bonito e especial, tanto por parte de colegas quanto por parte de rapazes que queriam que eu cedesse logo. E eu, mais uma vez, voluntariosa e cheia de paixão pela vida, escolhi o caminho certo: o da minha própria felicidade, independentemente do que queriam me impor. Podia ter escolhido o contrário? Sim, mas apenas se sentisse que era o que me faria mais feliz, mas naquele momento não era, e não me arrependo, até hoje não me arrependo.

Vários rapazes encantadores apareceram na minha vida-outros menos, é verdade, faz parte do ensaio-, mas eu queria mais, muito mais.  Queria ter a certeza absoluta de que o rapaz era aquele, que era realmente aquele que eu queria como o meu primeiro. Se já havia descoberto que um beijo não se converte automaticamente em namoro, também sabia que o sexo não se transformava autenticamente em casamento, portanto a única coisa que eu queria, naquela hora, era que fosse eterno,  por um dia só que fosse, mas que fosse eterno, e o resto deixar por conta da vida e do poeta.

Quando encontrei «aquele», foi o mais mágico, o mais bonito, o mais intenso que se possa imaginar. Imaginar também não, ninguém poderá imaginar, porque foi o que senti, aquilo que senti naquele momento, mais do que propriamente o que aconteceu ou como foi, que era o que havia de mais mágico. 

Talvez, hoje, ele não seja aquele que me deu o melhor beijo, conforme acreditava na altura. Talvez, hoje eu até pense que o pénis dele nem era o mais adequado para mim. Talvez, hoje, eu até veja que ele não foi o melhor homem que tive na cama. Mas foi. Talvez não hoje, mas, naquele momento, naquele exacto dia, ele foi o melhor que podia existir no Mundo. Por quê? Porque foi a minha escolha, e eu estava certa, eu estava muito certa quanto a isto. Porque estava envolvida de paixão, que me soltava pelos poros. Apenas olhá-lo arrepiava-me, acelerava-me a respiração, eu me sentia a pessoa mais feliz do Mundo só por estar ali, na presença dele, como se estivesse na presença de uma espécie de Deus. Ficava ali, ao lado dele, e me perguntava: «Como pode haver tamanha felicidade neste Mundo?», eu estava para explodir de felicidade, só por estar ao lado dele, era um aperto gostoso no peito, uma vontade enorme de gritar, eu era puro contentamento. Nem importava se, afinal, nem chegássemos a fazer sexo, estar com ele para mim já era a maior felicidade do Mundo, independente do que fizéssemos. 

Não era o melhor cenário de conto-de-fadas, não tinha céu estrelado nem violino tocando- e sinceramente nada disto fez falta-, foi durante o dia, no apartamento dos pais dele, e nem usávamos as nossas melhores roupas. Mas depois de quase um ano pensando, e pensando não só com o coração, querendo ter toda a certeza de que ele era sim, a pessoa certa, e feliz por ele ter decidido me esperar, esperar o meu momento, houve um dia, então, que lhe disse estar pronta e entreguei a minha virgindade. 

Ah, é verdade, é verdade que eu já tinha planeado aquele momento vezes sem conta, começando pelas frases ditas ao espelho, qual beijo treinado em maça, e tinha pensado mil vezes em como iria ser, o que diria, como faria, o que teria uma lingerie nova, e qual perfume usar, e que levaria velas, e pétalas de rosas talvez, e música, mas naquela hora, naquele dia em que não tinha nada disso em mãos, eu simplesmente senti: era o momento. E foi lindo, e foi eternamente lindo naquele dia, excepto o meu tremor de pernas, que fechavam com força contra a minha vontade, foi tudo lindo. E durante um tempo, e durante um longo tempo, eu pude ver as estrelas que não havia naquela tarde de sol, e violinos tocavam dentro de mim quando nenhuma música além de nós existia no quarto.

E hoje, passados quase 10 anos,  e depois de tantos homens que passaram pela minha cama, se alguém me pergunta se foi a escolha certa, a minha resposta é imediata: foi. É muito possível que, nesses últimos quase 10 anos, eu tenha tido homens muitos melhores que ele, é muito certo que sim, eu até tenho certeza que sim. Mas, para aquele momento, ele era o homem certo. Se hoje, passados quase 10 anos, pudesse voltar atrás sabendo o que sei hoje, o escolheria novamente? Sim, escolheria. Ele pode não ser o homem ideal agora, para o meu momento actual, mas naquele momento, ele era sim o homem certo, e o escolheria sim, escolheria novamente, se voltasse lá atrás ele seria sim o escolhido, e é reconfortante saber disso. É reconfortante, mesmo já não existindo o mesmo sentimento, olhar para trás e lembrar de algo que foi bom, naquele momento foi muito bom. É reconfortante não lembrar de algo com amargura, tristeza ou decepção, mas ver que foi bonito, foi bom de lembrar, e que isto, inclusive, pode ter determinado muitas coisas da minha vida dali para a frente.

Se uma menina me pergunta hoje a minha opinião sobre manter-se virgem para o casamento, é óbvio que responderei que talvez não seja a melhor opção. Depois de tudo o que vivi na cama, houve momentos em que pensava: «E se eu tivesse me casado com este homem, e se este homem tivesse sido o meu primeiro, como eu veria o sexo hoje?» Porque nem tudo é perfeito, nem tudo é um conto-de-fadas, e nem mesmo as nossas escolhas são garantia de alguma coisa, até porque nem tudo é, exactamente, como o nosso imaginário, no imaginário é você sozinho com alguém que faz tudo que você quer e como quer, no real há uma outra pessoa, com vontades próprias, desejos e também, em alguns casos, limitações e defeitos, assim como você, possivelmente também terá.

Tem homem que  pode ter o pénis completamente torto, tem homem que pode sofrer de impotência sexual, tem homem que, simplesmente, pode não ser bom na cama, e para piorar a situação, vivemos numa sociedade que sobrecarrega o homem-também- de estigmas, como se a responsabilidade no sexo fosse apenas dele. Voltemos à minha lembrança do primeiro beijo e lá está, eu estava à espera que ele me ensinasse alguma coisa, e se não fosse ele, eu esperava que outro rapaz , me ensinasse como se beijava, como se fosse obrigação dele me ensinar, saber mais que eu, me conduzir. E é assim também no sexo: esperamos que o homem saiba mais de sexo do que nós, até porque o «politicamente correcto» é isto, uma mulher não pode saber mais de sexo do que homem, e de repente poderíamos perceber  que, afinal, ele nem sabe tanto de sexo quanto nós, e passar a vida toda assim, achando que aquilo ali que é sexo, o que se chama bom sexo, quando na verdade não é, quando na verdade ele nem sabe tanto quanto imaginamos- e impomos- que ele automaticamente sabe. Então por vezes fico pensando nisso, em como seria lidar com esta situação, ser tão inexperiente e lidar com esta situação, e se será possível, sempre, duas pessoas inexperientes saberem aprender juntas, quando socialmente é imposto que apenas um dos dois deve dominar a relação e ter o total controlo de tudo.

Não, eu não aconselharia não viver o sexo antes do casamento, até porque o sexo não nos ensina só sobre o corpo do outro, mas inclusivamente sobre o nosso corpo, e a maturidade sexual está aí, em descobrir o próprio corpo, uma pessoa com uma vida sexual satisfatória é aquela que conhece o próprio corpo com o outro, e nem sempre haverá sintonia, nem todo corpo se dá com outro corpo, não há técnica nem Kamasutra que produza esta compatibilidade. Entretanto, apesar de não    aconselhá-lo uma das coisas que aprendi é que todos nós temos que viver as nossas próprias experiências, eu vivi as minhas e continuo vivendo outras, você viverá as suas também, viver essas experiências práticas que conduzirá todo o resto, logo não adianta você se servir das minhas experiências, mas daquilo que você, apenas você e o seu corpo vivem e sentem.

Nem sempre as nossas escolhas são eternas. Muitas vezes as nossas escolhas são temporárias, são aquilo que, naquele momento, nos faz felizes. Ninguém tem certezas do amanhã, mas podemos ter certezas do agora, ou pelo menos do que sentimos agora. E há um momento para tudo, mesmo para tudo. Não se sente confortável para fazer sexo agora? Não o faça, mesmo que o outro queira, não o faça. Sente vontade de fazer sexo agora? Faça. Desde que o outro também queira, faça. E use camisinha, não se esqueça, é tudo o que tenho para dizer, o resto é mais prática do que teoria. 

.....

Antes de ser amante profissional fui prostituta. Me trouxeram para um bordel onde eu fazia sexo com dezenas de homens, diariamente, com ou sem o meu consentimento. Eram tantos e tantos homens, todos os dias, que era impossível me lembrar de todos na manhã seguinte. Não estou falando de não se lembrar de um homem com quem você foi para a cama passados cinco anos, estou falando de não se lembrar dele ou deles na manhã seguinte! Não fossem os meus diários, confesso, eu não me lembraria nem da metade dos homens com os quais já fui para a cama. E se você me perguntar quem foi o 36º homem com o qual fui para a cama eu terei de consultar os meus diários, de outra forma seria impossível lembrar agora.

Mesmo que você  não tenha tido ou venha a ter o mesmo número de homens que eu,  com o passar do tempo, haverá homens dos quais você só se lembrará quando encontrar um álbum de fotografias, uma anotação, uma prenda num fundo de uma gaveta. Não é que você se esqueça totalmente a ponto de parecer que algo não existiu de facto, mas a lembrança pode ficar ali, adormecida, enquanto você não mexe nela, porque vivemos o que sentimos, e o que sentimos agora será o que tomará conta das nossas lembranças. 

Então quando digo que a virgindade não é algo meramente físico, é sobre isto que estou falando. Estou falando que, muito provavelmente, o seu primeiro beijo- caso não seja o único, e talvez por isto, não só por amor e desejo, opção e escolha, há quem insista em ser o único de alguém-, talvez nem venha a ser o seu melhor ( ou nem o seu pior). Até porque, nesta altura, você será muito inexperiente para poder saber o que é o melhor ou pior, você precisa de algo como comparação, como referencia, algo que enquanto virgem você não terá, além de ainda não conhecer o seu próprio corpo, de ter maturidade para viver o sexo em toda a sua dimensão

Possivelmente não, possivelmente não será o melhor, mas poderá sê-lo naquela altura, de acordo com a sua emoção- é a emoção, sobretudo, que te faz ver estrelas numa tarde de sol-, e a sua emoção depende também disto, do quanto você der importância à sua primeira vez, sabendo que, mais tarde, não poderá voltar atrás e ter uma segunda primeira vez. Principalmente estou dizendo que- e aqui está a importância da primeira vez, e o que a difere de todas as outras relações que terá-, certos homens, com o passar do tempo, você pode até esquecer; mas o primeiro, aquele que você escolheu para ser o seu primeiro, e mesmo que ele não seja o seu melhor, e independente de quantos outros passaram pela sua vida a seguir, ao contrário do 36º, que até agora não lembro quem foi, mesmo quando deixar de amá-lo será aquele que, inevitavelmente, queira ou não queira, você nunca mais vai esquecer.»

                                                                                                                            Texto de Paula Lee

                                                                      ( texto retirado do meu livro «Sim, Sou Virgem E Então»)

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