
É um termo recentemente
novo e no vocabulário de algumas pessoas ainda é desconhecido. Confesso que só
descobri esta palavra há uns meses atrás apesar de ter feito parte da minha
adolescência.
Desta forma
caracteriza-se por uma prática constante de atos físicos ou psicológicos contra
alguém ou seja existe uma vítima e um ou vários agressores. O ato de
ridicularizar o outro, gozar, agredir, perseguir, intimidar, humilhar são todo
atos de Bullying. A vítima por inúmeras razões não se defende, talvez pelo medo
que sente do agressor ou até mesmo do núcleo de amigos à volta, da sociedade e
da vergonha entre outros fatores…
Está presente de forma
visível ou camufladamente, praticamente em todo lado…escola, trabalho, família,
amizades…Mas é notoriamente mais visível nas escolas entre os alunos, o que
provoca mau aproveitamento escolar, sentimentos de culpa de medo, quando a
escola deveria ser um exemplo de educação e de apreendermos que todos somos
iguais.
Fecho os olhos, volto
atrás...
Recou até aos tempos de
escola, os considerados melhores anos de vida, onde temos sonhos, ilusões,
despreocupações e ainda carregamos no olhar o brilho da criança que outrora
fomos. Se perguntarem, se hoje tenho saudades desse tempo? Não...Não tenho
saudades.
Com os meus cerca de 15
anos, corpo roliço, borbulhas gigantes que pareciam crateras no meu rosto, e
uma timidez que de tão grande, fazia eco na minha cabeça, tinha medo de
falar, tinha medo de perguntar, tinha medo de questionar, tinha medo até que dessem
pela minha presença e porquê? Vergonha.
Fui vítima de Bullying e
não sabia...
Nas aulas de educação
física, era sempre posta de parte, nunca me escolhiam para ser «equipa»,
sentia-me o patinho feio, mas não era só os outros que me faziam sentir assim,
eu era a primeira pessoa a me maltratar psicologicamente, eu fazia Bullying
comigo própria, quando me inferiorizava perante eu própria, os outros, bem os
outros apenas davam-me as certezas que eu já pensava a meu respeito...
Adorava usar lenços com
brilhos na cabeça, talvez o meu visual mais chamativo, camufla-se o medo e
a vergonha que tinha em mim, ouvia bocas do género: «Onde vais vender o
peixe?»... Os meus ouvidos ignoravam...o meu cérebro registava...
Adorava fazer figuração
em programas de televisão e dos meus 15 anos até 18 anos ia praticamente a
todos, caso para dizer que era «gozada à força toda», mal entrava no
polivalente da escola, ouvia-se uma voz estridente: «Quero ouvir essas palmas»
e uns risos quase maléficos de alguém, ou de algumas pessoas, cujo rosto não me
recordo pois nem a cara do chão eu tirava para ver.
Hoje em dia
pergunto-me...Porque é que as crianças e/ou os adolescentes podem ser tão
cruéis com os colegas, com os amigos ou mesmo com conhecidos? Se eu não tinha
aptidão para o desporto só tinham que me incentivar, apoiar, ajudar, convidar a
fazer parte da equipa e não por de lado como se eu fosse lixo...
Se eu gostava de usar
lenços com brilho na cabeça só tinham que respeitar o meu gosto, sei que era
pindérico agora, mas na altura para mim fazia sentido, na escola não se devia
aprender a respeitar o outro? Se um dos meus hobbies era ir assistir a
programas de televisão, porquê criticarem e gozarem comigo assim que ponha o pé
na escola?
Fui crescendo com
inseguranças, mas nunca deixei de fazer o que queria, apenas me questionava na
minha considerada idade da inocência porque as pessoas nos julgam tanto sem nos
conhecerem...
Quando tocava a
campainha de intervalo das aulas, recolhia-me no bloco, sozinha com os meus
pensamentos, longe dos olhares dos outros, o polivalente para mim, era um campo
de tortura psicológica em que eu camufladamente fingia ser de recreio e
distração...Voltar atras no tempo? Por favor não...
Claro que não me
queixava, nem desabafava com ninguém, alias nem sabia que nesta perseguição eu
tinha o nome de vítima, sentia-me mal, sentia-me realmente inferior e se a
minha autoestima não era das melhores com isto só me afundava mais na minha própria
mente, na minha própria culpa, nos meus fantasmas de pensamento, em que me
sentia atacada, mas que não sabia como me defender. Não reagia...não me
defendia...ouvia e calava...Só pensava que os anos tinham que passar depressa
para a escola acabar...só assim iria ter paz...
Ao olhar para trás no
presente, hoje sei e acredito que deixarmo-nos humilhar e sentirmo-nos
humilhados só depende de nós, da consciência e do valor que temos em nós próprios,
ninguém nos consegue maltratar se nós não permitirmos...Mas para chegar até
esta consciência temos que crescer e crescer nem sempre é fácil...
Queres o meu conselho?
Sentes-te perseguido psicologicamente ou fisicamente por alguém? Não te
isoles, não te feches no mundo só teu, não tenhas medo nem vergonha, não faças
como eu fiz e aprende-te a valorizar-te desde sempre...Pede ajuda, fala com os
pais, fala com o teu melhor amigo, fala com a professora, mas por favor fala
com alguém...
Queres contar-me de que
forma te sentes vítima de Bullying? Manda um email para mim:
margaridaprimeiravez@gmail.com
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