Esta foi sem dúvida a viagem da minha vida…
Ao
receber o manual do viajante, a simples frase: «No deserto encontrarás, aquilo
que levares» …fez- me pensar. O que é que eu levo afinal? O que é que eu vou
encontrar? A minha cabeça agora encontrou tanta «bagagem» … mas percebi que a
maior parte dessa bagagem que levei para o deserto não me servia, a única que
levei e encontrei lá, era a que estava bem guardada no fundo do deserto da
minha alma, amor e liberdade.
Na nossa vida, encontramos tantos obstáculos
invisíveis, pomos tantas barreiras a nós mesmos, que quando nos deparamos com a
simplicidade da vida, com o espelho das histórias dos outros à nossa frente,
percebemos que afinal só o amor cura, o amor por nós, pelos outros e pela vida.
A liberdade de nos permitirmos ser quem somos, sem cobranças, sem medos e sem
julgamentos, perceber que somos capazes de escalar a mais alta montanha.
Ao subir
aquela duna no deserto e ser presenteada com um magnífico nascer do sol, fez-
me renascer por dentro, fez- me ver o amor diante dos meus olhos e senti-me
pequena perante uma imensidão de dunas de areia que me transportaram para o
interior de mim mesma, e me fizeram perceber que a vida é tão simples, nós é
que complicamos. Grata.
Posso dizer de certeza absoluta que fiz amizades
para a vida, que nunca mais vou ser a mesma pessoa, vou ser melhor do que era.
As partilhas que ouvi e as que fiz, mostraram-me que todos somos perfeitos na
nossa imperfeição, que rir, chorar, abraçar, elogiar, não é motivo de fraqueza,
mas sim de coragem.
Aprendi a não
esconder sentimentos e emoções, porque são a nossa maior riqueza. Não tive
saudades de Portugal porque me entreguei à viagem e aos momentos que fui
vivendo. Cada dia me sentia a soltar e a fluir mais e mais, sem pensamentos
castradores, sem mágoas, o meu coração foi crescendo em sentimento e a minha
mente perdeu força e entregou-se a apenas ser.
Amei Marrakech, senti-me em casa, posso dizer que
fui feliz tanto no silêncio como na confusão. Senti-me uma berbere pura a
voltar a casa, encontrei o meu «Mohamad» e senti-me em família.
Olhei as
estrelas em Marrocos que me sorriam, em pleno terraço vejo uma enorme a cair do
céu, por momentos congelei no tempo em pleno calor, fechei os olhos e de igual
forma ao que fiz em criança quando pela primeira vez vi uma estrela cadente aos
sete anos, pedi um desejo. Se vai se realizar ou não, não faço a mínima vontade
de saber. A minha vida é o agora e Marrocos devolveu-me o que tinha perdido há
muito tempo. A minha essência. Obrigada ZenFamily e Gustavo Santos. Sempre a
fluir. Estou grata. Quero voltar sempre a onde fui tão feliz.
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